O BAOBÁ ON-LINE
13/02/2019
MAL DI BISSAU
Mal di Bissau
Sta na boca
Na lala kema
Na limbida parmanha
Na missa cama
Na miskinho di madrugada
Na filanta kerença
Kerença e dinhero di fera
Mal di Bissau
I filanta cussa cu djingui
I padinti sim prenhanta
Prenha ika barriga cu pinpinhi
N´guli bu nhinhi
Nhinhi i ricibil kinti
Mal di Bissau
Ika só na boca di mindjeris
Di mindjeris i desabafo
Punta Soraia
Soraia catchafaia
Catchafaia cabeça iabri
Mal di Bissau
I bofotada sim mon
Mon di timba
Sta na nfala nfala
Nfala nfala
Na tchapa, tchapa di alfaiati
Kau di ila madjuandadi
Mal di Bissau
Cunsa na bancada
Di dia
Di dia pa nbalumadu
I pé di candja
Mal di Bissau
I ordidja
Ordidja i firmanta moransa
Moransa i lumu
Di lumu
Punta Ju
Suma catchu
Na mon di urdumunhu
Djustu di tabulé
MAL DI BISSAU
Mal di Bissau
I djumna djumna assumbulelé
Sta na peteli udju
Pa odjada di mundu
Mundu na forma di untu
Mal di Bissau
I combersa di baz pa traz
Traz i soga canela
Mal di Bissau
Santam praça
Cussim camissa di manga flanu
Sim manga
Sika yogoli
Ita perta
Sta na contrada di femi cu matchu
DUVAL
Mal di Bissau
Sta na boca
Na lala kema
Na limbida parmanha
Na missa cama
Na miskinho di madrugada
Na filanta kerença
Kerença e dinhero di fera
Mal di Bissau
I filanta cussa cu djingui
I padinti sim prenhanta
Prenha ika barriga cu pinpinhi
N´guli bu nhinhi
Nhinhi i ricibil kinti
Mal di Bissau
Ika só na boca di mindjeris
Di mindjeris i desabafo
Punta Soraia
Soraia catchafaia
Catchafaia cabeça iabri
Mal di Bissau
I bofotada sim mon
Mon di timba
Sta na nfala nfala
Nfala nfala
Na tchapa, tchapa di alfaiati
Kau di ila madjuandadi
Mal di Bissau
Cunsa na bancada
Di dia
Di dia pa nbalumadu
I pé di candja
Mal di Bissau
I ordidja
Ordidja i firmanta moransa
Moransa i lumu
Di lumu
Punta Ju
Suma catchu
Na mon di urdumunhu
Djustu di tabulé
MAL DI BISSAU
Mal di Bissau
I djumna djumna assumbulelé
Sta na peteli udju
Pa odjada di mundu
Mundu na forma di untu
Mal di Bissau
I combersa di baz pa traz
Traz i soga canela
Mal di Bissau
Santam praça
Cussim camissa di manga flanu
Sim manga
Sika yogoli
Ita perta
Sta na contrada di femi cu matchu
DUVAL
MINHA CASA
Comecei de pau-a-pique fazendo barraco
sem bloco nem reboco, quando de repente
chegou lobo e me desabrigou, tirando tudo
de mim me deixando sem-fim.
Canto sem coro e choro de tanta dor
Pois não há socorro!
Lágrimas jorrando como as correntezas
do rio, não existe quente nem frio entro pelo
fronho sem saída e sem sonho!
Canto sem coro e choro de tanta dor
Pois não há socorro!
Oprimido e calado vivo numa ditadura sustentada
pela armadura, ninguém o captura em o seu ser
feroz, faz e desfaz pois não há alguém capaz de
trazer-me paz.
Canto sem coro e choro de tanta dor
Pois não há socorro!
Já que, tu és fomento, estou esperto como a
raposa, não serei mais sua presa pois quero a
minha casa de volta.
ISRAEL MAWETE NGOLA MANUEL (ISPOÉ)
SFC, 08 DE NOVEMBRO DE 2017
Comecei de pau-a-pique fazendo barraco
sem bloco nem reboco, quando de repente
chegou lobo e me desabrigou, tirando tudo
de mim me deixando sem-fim.
Canto sem coro e choro de tanta dor
Pois não há socorro!
Lágrimas jorrando como as correntezas
do rio, não existe quente nem frio entro pelo
fronho sem saída e sem sonho!
Canto sem coro e choro de tanta dor
Pois não há socorro!
Oprimido e calado vivo numa ditadura sustentada
pela armadura, ninguém o captura em o seu ser
feroz, faz e desfaz pois não há alguém capaz de
trazer-me paz.
Canto sem coro e choro de tanta dor
Pois não há socorro!
Já que, tu és fomento, estou esperto como a
raposa, não serei mais sua presa pois quero a
minha casa de volta.
ISRAEL MAWETE NGOLA MANUEL (ISPOÉ)
SFC, 08 DE NOVEMBRO DE 2017
A MINHOCA DORMINHOCA
Numa tarde as folhas de uma árvore começaram a chacoalhar, mas com o seu tronco forte ela permaneceu no lugar. Os bichos do bosque se assustaram pra valer quando a terra, de repente, começou a estremecer. Passado o susto se reuniram para investigar todas as razões possíveis para o fenômeno explicar. A Dona Coruja sabiamente disse: - Muitos buracos na terra podem causar tremeliques. A toupeira se inocentou, disse que seu túnel planejou. O coelho disse que sua toca não era tão funda e culpou a tanajura. A tal formiga se irritou: - Meu formigueiro nada danificou. Foi quando se lembraram da família Tatatu… Ainda bem que não estavam em casa. Tinham viajado para Itu. Investigaram tudo, mas nada conseguia explicar e um zunzunzum bem alto tomou conta do lugar. E se deu uma calmaria, quando o besouro declarou: - Calma gente! Para nossa alegria ninguém se machucou. Foi quando deram falta da Dona Caracrespa, e pensaram que talvez ela estivesse presa. Todos correram em direção à casa dela, quando o coelho gritou: - Olha a terra! Olha a terra! Para se proteger do novo tremor, entraram na casa de Dona Caracrespa e chegando lá tiveram uma enorme surpresa. Todo aquele tremor foi ela mesma quem causou. Ela estava segura e tranquilinha embalada em um bom sono sobre a sua caminha. É que a tal da minhoca tirava sua soneca e causou enorme confusão ao roncar embaixo da terra.
TAMI SANTANA – É BOM IMAGINAR! EM 04/09/2012 ÀS 19H55MIN. EDITADO EM 29/05/2017 ÀS 09H32MIN.
Numa tarde as folhas de uma árvore começaram a chacoalhar, mas com o seu tronco forte ela permaneceu no lugar. Os bichos do bosque se assustaram pra valer quando a terra, de repente, começou a estremecer. Passado o susto se reuniram para investigar todas as razões possíveis para o fenômeno explicar. A Dona Coruja sabiamente disse: - Muitos buracos na terra podem causar tremeliques. A toupeira se inocentou, disse que seu túnel planejou. O coelho disse que sua toca não era tão funda e culpou a tanajura. A tal formiga se irritou: - Meu formigueiro nada danificou. Foi quando se lembraram da família Tatatu… Ainda bem que não estavam em casa. Tinham viajado para Itu. Investigaram tudo, mas nada conseguia explicar e um zunzunzum bem alto tomou conta do lugar. E se deu uma calmaria, quando o besouro declarou: - Calma gente! Para nossa alegria ninguém se machucou. Foi quando deram falta da Dona Caracrespa, e pensaram que talvez ela estivesse presa. Todos correram em direção à casa dela, quando o coelho gritou: - Olha a terra! Olha a terra! Para se proteger do novo tremor, entraram na casa de Dona Caracrespa e chegando lá tiveram uma enorme surpresa. Todo aquele tremor foi ela mesma quem causou. Ela estava segura e tranquilinha embalada em um bom sono sobre a sua caminha. É que a tal da minhoca tirava sua soneca e causou enorme confusão ao roncar embaixo da terra.
TAMI SANTANA – É BOM IMAGINAR! EM 04/09/2012 ÀS 19H55MIN. EDITADO EM 29/05/2017 ÀS 09H32MIN.
RELATOS DE AGONIA
Meu coração se desespera
O meu fim está próximo
Estou em um mundo
No qual não é meu
Minha humanidade é negada
Minha voz silenciada
Estou em desespero
Política corrupta
Racismo estruturado
Feminicídio e Machismo
Pior é o trafico de escravos
Um genocídio tão presente
Mais de 500 anos de história
Como assim
Sinto tão próximo
Como se vivêssemos
Uma nova colonização
O que me resta é a resistência
Não resisto porque eu quero
Resisto porque existo!
LUCAS DE SOUZA
Meu coração se desespera
O meu fim está próximo
Estou em um mundo
No qual não é meu
Minha humanidade é negada
Minha voz silenciada
Estou em desespero
Política corrupta
Racismo estruturado
Feminicídio e Machismo
Pior é o trafico de escravos
Um genocídio tão presente
Mais de 500 anos de história
Como assim
Sinto tão próximo
Como se vivêssemos
Uma nova colonização
O que me resta é a resistência
Não resisto porque eu quero
Resisto porque existo!
LUCAS DE SOUZA
E essa inocência de não perceber que mais um aniversário
é menos tempo de vida.
Essa esperança de que "amanhã" faremos isso e mais
aquilo.
Que tipo de ser somos que deixamos de amar hoje para
começar a amar no ano que vem.
Que afastamos as pessoas porque não são "iguaias" a nós,
sem entender que o importante é sermos diferentes.
Que de igual é apenas o nome que nos define.
Seres humanos.
KATTY ANGEL
é menos tempo de vida.
Essa esperança de que "amanhã" faremos isso e mais
aquilo.
Que tipo de ser somos que deixamos de amar hoje para
começar a amar no ano que vem.
Que afastamos as pessoas porque não são "iguaias" a nós,
sem entender que o importante é sermos diferentes.
Que de igual é apenas o nome que nos define.
Seres humanos.
KATTY ANGEL
MODO
No silêncio do absurdo
Mudo mundo.
Mundo mudo.
Avesso Nu
verso
Inverso a tudo
verso surdo
Cem real cem vezes
Sem real, sem vez
No silêncio do absurdo
Revolta do mundo
Revolto volto
Mudo, moldo
Modo cego
Sentido, sentindo
Modo ego
Parindo e
indo
e indo
indo
No silêncio do absurdo
Navego.
RUAN JONES
No silêncio do absurdo
Mudo mundo.
Mundo mudo.
Avesso Nu
verso
Inverso a tudo
verso surdo
Cem real cem vezes
Sem real, sem vez
No silêncio do absurdo
Revolta do mundo
Revolto volto
Mudo, moldo
Modo cego
Sentido, sentindo
Modo ego
Parindo e
indo
e indo
indo
No silêncio do absurdo
Navego.
RUAN JONES
COLÓQUIO
Na sala do universo:
- Ei.
- Oi.
- Tu é escritor né?
- Não.
- Não? Eu vi um poema teu aqui no varal. Tu não é João João?
- Sim! Eu mesmo. Escrevi aquele poema, sim.
- Eu adorei! Então, logo tu és escritor né!?
- Não. Não sou. Por quê?
- Estou fazendo uma pesquisa. Sério que tu não és escritor? E o poema?
- O poema eu fiz.
- Alguém que escreve um poema... não é escritor!?.
- Ahhhh! E é? Então sou escritor, mas só quando escrevo. Agora por exemplo sou apenas um animal conversando.
- Realmente. E é um animal selvagem, todo um bicho do mato. Mas posso te fazer umas perguntas?
- É da pesquisa?
- Sim.
- Mas não é pra escritores?
- Sim!
- Então pega um papel e uma caneta?
Escrevia: “Se rotular é se comprometer, e eu não gosto de compromissos...” enquanto ela me fazia perguntas.
RUAN JONES
Na sala do universo:
- Ei.
- Oi.
- Tu é escritor né?
- Não.
- Não? Eu vi um poema teu aqui no varal. Tu não é João João?
- Sim! Eu mesmo. Escrevi aquele poema, sim.
- Eu adorei! Então, logo tu és escritor né!?
- Não. Não sou. Por quê?
- Estou fazendo uma pesquisa. Sério que tu não és escritor? E o poema?
- O poema eu fiz.
- Alguém que escreve um poema... não é escritor!?.
- Ahhhh! E é? Então sou escritor, mas só quando escrevo. Agora por exemplo sou apenas um animal conversando.
- Realmente. E é um animal selvagem, todo um bicho do mato. Mas posso te fazer umas perguntas?
- É da pesquisa?
- Sim.
- Mas não é pra escritores?
- Sim!
- Então pega um papel e uma caneta?
Escrevia: “Se rotular é se comprometer, e eu não gosto de compromissos...” enquanto ela me fazia perguntas.
RUAN JONES
Não quero escrever como quem afirma como quem se garante
minha garantia é a falta
e essa afirmação faltaria se assim a poesia não fosse
dia e noite, dia e noite
jazia a vontade de ter um verso perverso e pensado
pra quê ter porquê?
escrever já é o recado pela palma da mão aflita pela trêmulo dedo encarcado
sem pensar a palavra dita dar vazão ao impulso primeiro
escrever como que sem ensaio
aqui nada foi lapidado
o título que veio depois por isso será ocultado escrever tem que ser acidente
sem propósito dentro da gente
melar a cara de quem leu em jatos inconsequentes
ISSAMULUMBA
minha garantia é a falta
e essa afirmação faltaria se assim a poesia não fosse
dia e noite, dia e noite
jazia a vontade de ter um verso perverso e pensado
pra quê ter porquê?
escrever já é o recado pela palma da mão aflita pela trêmulo dedo encarcado
sem pensar a palavra dita dar vazão ao impulso primeiro
escrever como que sem ensaio
aqui nada foi lapidado
o título que veio depois por isso será ocultado escrever tem que ser acidente
sem propósito dentro da gente
melar a cara de quem leu em jatos inconsequentes
ISSAMULUMBA
EU ME SINTO BEM
Eu me sinto bem
Como não me sentia
Desde há muito tempo
Sinto uma mistura
De tristeza e alegria
Tudo junto ao mesmo tempo
Sinto o vazio de minhas velhas crenças
De minhas velhas convicções
Eu quero me livrar
De tudo o que não traga
Aquela sensação tão boa
De pertencer a algum lugar
De ser alguém pra alguém
Ainda que por um momento
A melancolia virou um jeito de alcançar
Aquilo que estar feliz
Não dá
Me sinto leve e solto
E livre pra alcançar
Alturas que jamais pensei
É tanto sentimento
Dentro de uma canção
Que não cabe num só coração
Por isso que eu canto
Para poder dividir
Aquilo que não basta em mim
Nicolas Oliver,
Ex-estudante de Letras e BHU
Eu me sinto bem
Como não me sentia
Desde há muito tempo
Sinto uma mistura
De tristeza e alegria
Tudo junto ao mesmo tempo
Sinto o vazio de minhas velhas crenças
De minhas velhas convicções
Eu quero me livrar
De tudo o que não traga
Aquela sensação tão boa
De pertencer a algum lugar
De ser alguém pra alguém
Ainda que por um momento
A melancolia virou um jeito de alcançar
Aquilo que estar feliz
Não dá
Me sinto leve e solto
E livre pra alcançar
Alturas que jamais pensei
É tanto sentimento
Dentro de uma canção
Que não cabe num só coração
Por isso que eu canto
Para poder dividir
Aquilo que não basta em mim
Nicolas Oliver,
Ex-estudante de Letras e BHU
Améfrica
De que lugar eu vim
De que lugar me retiraram
De que inicio lançaram-me um fim
De que lugar me acorrentaram
Será da Costa do Marfim
Q'mamãe dizia: tome cuidado
Será que levado a pé
Dos cantos do Daome
Vi meu irmão fugir pro lado
Sera mamãe nagô
papai haussá
Quem foi que me ninou
Antes de separar
Como é que eu vou
Saber que nome vovô
Tinha antes que o mar
Me retirasse prum senhor
Ter-me que nomear
Das bandas da Guiné
Onde é que é
Que fui perder
Pro Brasil acontecer
O que será que me pagou
Do recôncavo da Bahia
O fumo plantado ao meio dia
Ou cachaça de alambique
Dos engenhos cariocas
Me tirou de Moçambique
Para viver num pau a pique
D'uma roça de mandioca
Que nome dar a essa dor
Do lado daqui e de lá
Que nome dar a essa flor
Que trouxe pra cá
Que nome dar quando o amor
Não sabe no corpo aportar
Um branco me extermina
O outro me examina
Na Costa da Mina
De que terra eu vim
Ngola, keto, Congo,
Jeje, praias, praiás,
Aconteci no escombro
Dos arraiás
Sou hoje índio dessa terra
Plantei no pé da serra
Um terreiro de Luanda
Sou cavaleiro de oxossi
Sou Orixá. De umbanda
Minha Senhora quem me tenha
Toda enegrecida
Nossa Senhora Aparecida
Levei o Brasil no ombro
Atravessei a morte
Não sei quem fui
Sei quem sou
Nasci Quilombo
Lutar é meu Forte
Refael Buti
De que lugar eu vim
De que lugar me retiraram
De que inicio lançaram-me um fim
De que lugar me acorrentaram
Será da Costa do Marfim
Q'mamãe dizia: tome cuidado
Será que levado a pé
Dos cantos do Daome
Vi meu irmão fugir pro lado
Sera mamãe nagô
papai haussá
Quem foi que me ninou
Antes de separar
Como é que eu vou
Saber que nome vovô
Tinha antes que o mar
Me retirasse prum senhor
Ter-me que nomear
Das bandas da Guiné
Onde é que é
Que fui perder
Pro Brasil acontecer
O que será que me pagou
Do recôncavo da Bahia
O fumo plantado ao meio dia
Ou cachaça de alambique
Dos engenhos cariocas
Me tirou de Moçambique
Para viver num pau a pique
D'uma roça de mandioca
Que nome dar a essa dor
Do lado daqui e de lá
Que nome dar a essa flor
Que trouxe pra cá
Que nome dar quando o amor
Não sabe no corpo aportar
Um branco me extermina
O outro me examina
Na Costa da Mina
De que terra eu vim
Ngola, keto, Congo,
Jeje, praias, praiás,
Aconteci no escombro
Dos arraiás
Sou hoje índio dessa terra
Plantei no pé da serra
Um terreiro de Luanda
Sou cavaleiro de oxossi
Sou Orixá. De umbanda
Minha Senhora quem me tenha
Toda enegrecida
Nossa Senhora Aparecida
Levei o Brasil no ombro
Atravessei a morte
Não sei quem fui
Sei quem sou
Nasci Quilombo
Lutar é meu Forte
Refael Buti
QUEM?
Quem somos?
quando nem sabemos o que fazemos
O que fazemos?
Quando a vida lá, em sem teto
Já não tem mais jeito.
A desgraça é única palavra na parada,
Quando o que se tem de comer hoje, é nada
A fome é o jeito que dá pancada.
Tombada é o merecimento dos que esqueceram dos seus pais.
Eu me entrego a te, óh dia!
Dito guia dos vivos,
Faz de mim a rotina das formigas
Eu me rendo a te, óh noite!
Dita guia dos mortos,
Faz de mim a treva sem trégua,
talvez assim posso ser alguma coisa,
Sou desculpa sem culpa,
Culpado pelos culpados,
Que fazem de tudo para me deixar sem -eu-
Eu sou, sem querer querido pela desgraça,
Mas mesmo assim...
Amo ser
quem devo
ser bem sido.
Garandesa na tchora, iooodé!!!
Filipe Buba
Quem somos?
quando nem sabemos o que fazemos
O que fazemos?
Quando a vida lá, em sem teto
Já não tem mais jeito.
A desgraça é única palavra na parada,
Quando o que se tem de comer hoje, é nada
A fome é o jeito que dá pancada.
Tombada é o merecimento dos que esqueceram dos seus pais.
Eu me entrego a te, óh dia!
Dito guia dos vivos,
Faz de mim a rotina das formigas
Eu me rendo a te, óh noite!
Dita guia dos mortos,
Faz de mim a treva sem trégua,
talvez assim posso ser alguma coisa,
Sou desculpa sem culpa,
Culpado pelos culpados,
Que fazem de tudo para me deixar sem -eu-
Eu sou, sem querer querido pela desgraça,
Mas mesmo assim...
Amo ser
quem devo
ser bem sido.
Garandesa na tchora, iooodé!!!
Filipe Buba
NÃO FABRICAMOS TEMPO
Não se fabrica tempo,
tempo não se fabrica.
Fabricam-se telhados,
esses ajudam-nos:
o claustro faz sentido
quando estamos em baixo
de um telhado.
Sem eles, somos pequenos.
Céus não cabem em nós.
Beijos verdadeiros
não cabem em nós.
Mãos dadas no aperto
perfeito
não cabem em nós...
Não fabricamos tempo
Não fabricamos
Não
.
Francisco da Silva
Não se fabrica tempo,
tempo não se fabrica.
Fabricam-se telhados,
esses ajudam-nos:
o claustro faz sentido
quando estamos em baixo
de um telhado.
Sem eles, somos pequenos.
Céus não cabem em nós.
Beijos verdadeiros
não cabem em nós.
Mãos dadas no aperto
perfeito
não cabem em nós...
Não fabricamos tempo
Não fabricamos
Não
.
Francisco da Silva
IMENSO MUNDO, ESTREITO CHÃO
Sou espinho infecundo,
mas fiz um poema da rua de estrada de chão
e pintei versos em telas de algodão...
Sou imenso barulho.
Nada me diz da pegada o arrulho.
Sou cansaço descabido.
Nada que eu faça sossega o estampido.
Sou poeta brasileiro:
andarilho que não precisa de corrimão.
O mundo é esse grande estaleiro
que cada caminho de aço se sustenta com nós de cordão.
Francisco da Silva
Sou espinho infecundo,
mas fiz um poema da rua de estrada de chão
e pintei versos em telas de algodão...
Sou imenso barulho.
Nada me diz da pegada o arrulho.
Sou cansaço descabido.
Nada que eu faça sossega o estampido.
Sou poeta brasileiro:
andarilho que não precisa de corrimão.
O mundo é esse grande estaleiro
que cada caminho de aço se sustenta com nós de cordão.
Francisco da Silva
Fantasia Ocidental
Lastimável injustiça cognitiva global
Que jámais será regularizada pelos metropolitanos, capitalistas, patriarcados
Injustiça que me coloca em zona Sul epistêmico
Uma divisão abissal
Que me considera o não ser, irracional, primitivo
Sei que me subalterniza em todos capítulos
Sei que para ti, não sou e nunca serei o sujeito
Para ti, sou o homem-objeto, homem-metal e uma valiosa mercadoria
Opressor, para ti, sou aquele homem predominante da emoção
Que carece abundamentemente da civilização, ahh!!!
Civilização, algo que para eu a obtenha seria graças a tu?
A fantasia do homem Branco
Fantasia que disrespeita a minha relidade identitaria
Impõe inpiedosamente a sua
E sobre mim, expõe a sua falsa e paupérrima inteligência de comercialização humana
A sua falsidade, fantasia, opressão, separativismo e injustiça
Ilustra sobre mim um imaginário pejorativo perante o mundo
Sempre és tudo com a sua arogância e mania de impor princípios hegémonicos
Com a falsa ideologia de igualdade
Algo que infelizmente se resume em formalidade ou para si mesmo
Me explora cotidianamente com o seu sistema de mais-valia e de alienação
Pode ser o que realmente lhe aptece ser
Todavia, só sei que a luta e eu somos indisassociáveis
Luto com toda gara e perceverança
Para desconstruir, desmitificar o que tu construistes pelo seu belo prazer
Afirmo e reafirmo, com todo orgulho, a minha identidade
A minha afirmação identitária transcende o divisionismo e separativismo
Procura abolir com o tão embelezado serieado de desumanização
É como se fosse a cara verso coroa
Enfim, a luta continua.
Felisberto Junior Pedro Bacurim
Lastimável injustiça cognitiva global
Que jámais será regularizada pelos metropolitanos, capitalistas, patriarcados
Injustiça que me coloca em zona Sul epistêmico
Uma divisão abissal
Que me considera o não ser, irracional, primitivo
Sei que me subalterniza em todos capítulos
Sei que para ti, não sou e nunca serei o sujeito
Para ti, sou o homem-objeto, homem-metal e uma valiosa mercadoria
Opressor, para ti, sou aquele homem predominante da emoção
Que carece abundamentemente da civilização, ahh!!!
Civilização, algo que para eu a obtenha seria graças a tu?
A fantasia do homem Branco
Fantasia que disrespeita a minha relidade identitaria
Impõe inpiedosamente a sua
E sobre mim, expõe a sua falsa e paupérrima inteligência de comercialização humana
A sua falsidade, fantasia, opressão, separativismo e injustiça
Ilustra sobre mim um imaginário pejorativo perante o mundo
Sempre és tudo com a sua arogância e mania de impor princípios hegémonicos
Com a falsa ideologia de igualdade
Algo que infelizmente se resume em formalidade ou para si mesmo
Me explora cotidianamente com o seu sistema de mais-valia e de alienação
Pode ser o que realmente lhe aptece ser
Todavia, só sei que a luta e eu somos indisassociáveis
Luto com toda gara e perceverança
Para desconstruir, desmitificar o que tu construistes pelo seu belo prazer
Afirmo e reafirmo, com todo orgulho, a minha identidade
A minha afirmação identitária transcende o divisionismo e separativismo
Procura abolir com o tão embelezado serieado de desumanização
É como se fosse a cara verso coroa
Enfim, a luta continua.
Felisberto Junior Pedro Bacurim
Título: Minha Mãe já foi Pai
Autor: Fernando Júnior Adão António
Numa noite de chuva trancados em um quarto sem luz eléctrica e sem chão, uns na cama e outros no colchão.
Ouviu-se o clamor de uma Mulher: MEU DEUS ATE QUANDO" e ela continuava "MEU DEUS ATE QUANDO" e quanto mais ela clamava, as gotas de água na sua cabeça não paravam de cair, o seu clamor foi tão forte mais tão forte que o telhado não resistiu e acabou por se abrir.
Mas aonde estava o Pai?
O pai também estava clamando naquela noite, era aquela mulher que não se contentava com aquela situação em sua pequena casinha.
La vai ela 5horas da manhã vestida de roupa de pano, o seu lencinho na cabeça e o seu cestinho na mão.
Mas cadê o terno, a gravata e a maleta dos documentos?
Para ela isso não interessa, o pouco que conseguia quando voltasse para casa os filhos faziam festa.
Autor: Fernando Júnior Adão António
Numa noite de chuva trancados em um quarto sem luz eléctrica e sem chão, uns na cama e outros no colchão.
Ouviu-se o clamor de uma Mulher: MEU DEUS ATE QUANDO" e ela continuava "MEU DEUS ATE QUANDO" e quanto mais ela clamava, as gotas de água na sua cabeça não paravam de cair, o seu clamor foi tão forte mais tão forte que o telhado não resistiu e acabou por se abrir.
Mas aonde estava o Pai?
O pai também estava clamando naquela noite, era aquela mulher que não se contentava com aquela situação em sua pequena casinha.
La vai ela 5horas da manhã vestida de roupa de pano, o seu lencinho na cabeça e o seu cestinho na mão.
Mas cadê o terno, a gravata e a maleta dos documentos?
Para ela isso não interessa, o pouco que conseguia quando voltasse para casa os filhos faziam festa.
Sol, brisa e mar
Vento que com o sol seca
A agua salgada no meu corpo
Um horizonte delirante a vista
O som das aguas, sua ondas,
Sinto a brisa, só a brisa.
Água cor do céu
Céu da cor do mar
Brisa envolvente
Um sorriso me devolve
Mar, o mar, o mar...
Eu só quero mergulhar.
Leandra de Amorim Gonçalves
Vento que com o sol seca
A agua salgada no meu corpo
Um horizonte delirante a vista
O som das aguas, sua ondas,
Sinto a brisa, só a brisa.
Água cor do céu
Céu da cor do mar
Brisa envolvente
Um sorriso me devolve
Mar, o mar, o mar...
Eu só quero mergulhar.
Leandra de Amorim Gonçalves
Trânsitos
Trânsitos intermináveis entre o hoje e a finitude..
Finitude que me lembra o tempo todo, que somos só uma brisa.
Uma sensação de ter tudo e nada, de amor profundo que é levado por esse vento...
Ela, quem tudo me ensinou, quem permanece em cada parte do que sou,
Ela, que me ensinou a tomar café, a rir de todo,
Ela, cujo colo sempre foi o calmante mais efetivo contra toda tristeza e solidão,
Ela, quem com suas mãos preparou as melhores receitas, o sabor das nossas vidas.
Sua vida se apaga tão rápido, que quando tiver escrito esta linha mais um passo estou de perdê-la.
Aceitação, finitude, uma e outra vez, sentir as perdas como momento inevitáveis. Aceitação?
Todos dizem que o tempo cura, que o que nos ensinaram fica, mas ninguém te prepara para te refazer feita outra. Para seguir.
Nós na garganta que vão e vêm. Aromas. Lembranças que aparecem nos cantos menos esperados, nas pessoas que nem queremos ver.
Não, não deveria acontecer mas acontece, avós não deveriam morrer.
Partir não deveria ser um verbo para quem ama tanto.
Ivette Tatiana Castilla
Trânsitos intermináveis entre o hoje e a finitude..
Finitude que me lembra o tempo todo, que somos só uma brisa.
Uma sensação de ter tudo e nada, de amor profundo que é levado por esse vento...
Ela, quem tudo me ensinou, quem permanece em cada parte do que sou,
Ela, que me ensinou a tomar café, a rir de todo,
Ela, cujo colo sempre foi o calmante mais efetivo contra toda tristeza e solidão,
Ela, quem com suas mãos preparou as melhores receitas, o sabor das nossas vidas.
Sua vida se apaga tão rápido, que quando tiver escrito esta linha mais um passo estou de perdê-la.
Aceitação, finitude, uma e outra vez, sentir as perdas como momento inevitáveis. Aceitação?
Todos dizem que o tempo cura, que o que nos ensinaram fica, mas ninguém te prepara para te refazer feita outra. Para seguir.
Nós na garganta que vão e vêm. Aromas. Lembranças que aparecem nos cantos menos esperados, nas pessoas que nem queremos ver.
Não, não deveria acontecer mas acontece, avós não deveriam morrer.
Partir não deveria ser um verbo para quem ama tanto.
Ivette Tatiana Castilla
Meu reino
Nasci princesa no berço de pau de baobá
Fui coroada com folhas de baobá
Meu reino era cercado com raiz de baobá
Hidratavam a minha pele com azeite de dendê
E o meu perfume predileto era suor da minha mãe,
Suor da minha mãe tem cheiro das plantas de Boé
Dancei os meus primeiros passos no meu reino e com alegria
Alegria de ouvir o som provocado pelas batidas de pau dentro do pilão
Todas as manhãs era o punpunpunpunééhpunpunpunpunééh
A primeira brincadeira que aprendi foi de subir e descer no colo da minha mãe
Banhava no mar dos sorrisos, dos mesquinhos, das lágrimas da minha mãe,
Que inspirava, injetava, e fortificava a minha alma.
Não cansava de abraçar e ver os olhos dela, porque enchiam o meu dia de esperança
Não cansava de sentar no colo dela, porque era o meu trono de “reinança”
Carinho dela me reativava, o cheiro dela era o meu oxigênio
A sua voz de autoridade, virou a minha força vital.
Djani Lopes
Nasci princesa no berço de pau de baobá
Fui coroada com folhas de baobá
Meu reino era cercado com raiz de baobá
Hidratavam a minha pele com azeite de dendê
E o meu perfume predileto era suor da minha mãe,
Suor da minha mãe tem cheiro das plantas de Boé
Dancei os meus primeiros passos no meu reino e com alegria
Alegria de ouvir o som provocado pelas batidas de pau dentro do pilão
Todas as manhãs era o punpunpunpunééhpunpunpunpunééh
A primeira brincadeira que aprendi foi de subir e descer no colo da minha mãe
Banhava no mar dos sorrisos, dos mesquinhos, das lágrimas da minha mãe,
Que inspirava, injetava, e fortificava a minha alma.
Não cansava de abraçar e ver os olhos dela, porque enchiam o meu dia de esperança
Não cansava de sentar no colo dela, porque era o meu trono de “reinança”
Carinho dela me reativava, o cheiro dela era o meu oxigênio
A sua voz de autoridade, virou a minha força vital.
Djani Lopes
Brota, revolução brota!!!
Lembro-me de minha infância,
Eu nasci lama!E hoje? Hoje?!
Sou terra, seca, quase sem vida.
Sou deserto, verde, com minha genética escolhida.
Sou cultivo, manufaturado, e ai de mim se questionar um centavo.
Sou barro, moldado, pelas mãos de algum desalmado.
Será que alguma semente em mim irá se acolher?
De que serão formados os frutos que irão me preencher?
Qual semente me resta?
Da uma vida imposta?
De um conhecimento privado?
De uma cultura apagada?
De corpos mutilados?
Da dignidade, se-le-ci-o-na-da,
Sempre questionada, mas nunca aperfeiçoada?
Brota, brota de meu ser,
Brota a indignação pra fazer revolução!
Qual semente me resta?
Da diversidade? Da padronização.
Da sexualidade?Dabiologização.
Da identidade?Da discriminação.
Do gênero?Da opressão.
Da universalidade?Dama-ni-pu-la-ção,
Sempre pensada, muito bem intencionada.
Brota, brota de meu ser,
Brota a coragem pra fazer revolução!
Por favor, brota!
Ao invés do privilégio, a desconstrução.
Ao invés do silêncio, a conscientização.
Ao invés da cegueira, o despertar,
Dainquietação provocada pela dor
De uma impotência con-tes-tá-vel
Nunca antes pensada, mas sempre vivenciada!
Brota, brota de meu ser,
Brota o desejo pra fazer revolução!
Brota de meu ser, brota!!!
Não me deixe na mão.
Brota de meu ser, brota!!!
Eu não quero ser opressor não.
Brota de meu ser, brota!!!
Eu quero ter outra opção.
Brota de meu ser, brota!!!
Eu necessito fazer revolução.
E quando brotar, por favor, cresça.
E quando crescer, por favor, floresça.
E quando florescer, por favor, dê frutos.
E quando frutos der não se esqueça das sementes espalhar.
Espalhar-me-ei e de revolução viverei.
Autor: Diêgo Luís Rocio Cruz Farias
Data: 20/04/2018
Lembro-me de minha infância,
Eu nasci lama!E hoje? Hoje?!
Sou terra, seca, quase sem vida.
Sou deserto, verde, com minha genética escolhida.
Sou cultivo, manufaturado, e ai de mim se questionar um centavo.
Sou barro, moldado, pelas mãos de algum desalmado.
Será que alguma semente em mim irá se acolher?
De que serão formados os frutos que irão me preencher?
Qual semente me resta?
Da uma vida imposta?
De um conhecimento privado?
De uma cultura apagada?
De corpos mutilados?
Da dignidade, se-le-ci-o-na-da,
Sempre questionada, mas nunca aperfeiçoada?
Brota, brota de meu ser,
Brota a indignação pra fazer revolução!
Qual semente me resta?
Da diversidade? Da padronização.
Da sexualidade?Dabiologização.
Da identidade?Da discriminação.
Do gênero?Da opressão.
Da universalidade?Dama-ni-pu-la-ção,
Sempre pensada, muito bem intencionada.
Brota, brota de meu ser,
Brota a coragem pra fazer revolução!
Por favor, brota!
Ao invés do privilégio, a desconstrução.
Ao invés do silêncio, a conscientização.
Ao invés da cegueira, o despertar,
Dainquietação provocada pela dor
De uma impotência con-tes-tá-vel
Nunca antes pensada, mas sempre vivenciada!
Brota, brota de meu ser,
Brota o desejo pra fazer revolução!
Brota de meu ser, brota!!!
Não me deixe na mão.
Brota de meu ser, brota!!!
Eu não quero ser opressor não.
Brota de meu ser, brota!!!
Eu quero ter outra opção.
Brota de meu ser, brota!!!
Eu necessito fazer revolução.
E quando brotar, por favor, cresça.
E quando crescer, por favor, floresça.
E quando florescer, por favor, dê frutos.
E quando frutos der não se esqueça das sementes espalhar.
Espalhar-me-ei e de revolução viverei.
Autor: Diêgo Luís Rocio Cruz Farias
Data: 20/04/2018
Alvorecer-se
Manipulação:
O segurar-manusear do movimento da palavra
Ruptura evolução da insinuação
Forjar-se para incorporar outrem
Conduta na contramão
Brinca de pique com a veracidade
Traja mentiras como se fossem verdades
E por puro apego à sua criação
Diz-me não encontrar o que me escondes
Incoerente malabares do desamor
Às escuras
Elogia as turvas curvas da tua escultura
Apontando-me a dimensão amorosa
Do que não passa de auto projeção
Pois não se atenta, não vês? Falsas são
Cengantes infrutíferas expectativas
Convertidas em flores-certezas
Tapam-me o lábio com uma rosa
Em passos lentamente conduzidos
Acredito dançar o amor
As palavras grafadas em retratos
Dum quimérico passado
Se contorcem quando em tua voz
Aproxima-te com a omissão
Nuança da retórica, dual percepção
Quase driblado
Estonteado com tua ginga
Noto, em transe ainda
Antes da queda, o declínio
Dissolto corpo em decepção
No descompasso
Não sentindo-me parte do que faço
Desato o nó que parece laço
Despresente desenbrulhado
Sintonia artificial
Ofegante das tantas esquivas
Renuncio tua condição violenta
Guiando-me guiando-me
Sedutora beleza do não cansar
Lapidada utopia romantizada
Com o lábio dormente da rosa-mordaça
Vomito palavras caladas
Explode a implosão de mim
No eco do abandonado silêncio
Sem teus olhos me vejo
Apossado por um estranho desejo
Saído de minhas entranhas
Desabrocha a vontade
Quero gozar a liberdade
Autoamar
Desnuda-me a brisa do tempo que passa
Após cortadas tuas amarras
Surpreendo-me com a leveza
Ausente gravidade da paixão
Grand Jeté
Do alto reparo:
Não era mais amante, nem amado
Tinha me tornado nessa tua busca
Por si e pelo amor próprio desterrado
Um reflexo teu não desejado
Agora, não mais reflexo desgraçado
Nem marionete
Nem bailarino desajustado
Violina-me os dias
Liberto pássaro
Apolo V. Oliveira
Graduando em Letras - Língua Portuguesa
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILAB
Manipulação:
O segurar-manusear do movimento da palavra
Ruptura evolução da insinuação
Forjar-se para incorporar outrem
Conduta na contramão
Brinca de pique com a veracidade
Traja mentiras como se fossem verdades
E por puro apego à sua criação
Diz-me não encontrar o que me escondes
Incoerente malabares do desamor
Às escuras
Elogia as turvas curvas da tua escultura
Apontando-me a dimensão amorosa
Do que não passa de auto projeção
Pois não se atenta, não vês? Falsas são
Cengantes infrutíferas expectativas
Convertidas em flores-certezas
Tapam-me o lábio com uma rosa
Em passos lentamente conduzidos
Acredito dançar o amor
As palavras grafadas em retratos
Dum quimérico passado
Se contorcem quando em tua voz
Aproxima-te com a omissão
Nuança da retórica, dual percepção
Quase driblado
Estonteado com tua ginga
Noto, em transe ainda
Antes da queda, o declínio
Dissolto corpo em decepção
No descompasso
Não sentindo-me parte do que faço
Desato o nó que parece laço
Despresente desenbrulhado
Sintonia artificial
Ofegante das tantas esquivas
Renuncio tua condição violenta
Guiando-me guiando-me
Sedutora beleza do não cansar
Lapidada utopia romantizada
Com o lábio dormente da rosa-mordaça
Vomito palavras caladas
Explode a implosão de mim
No eco do abandonado silêncio
Sem teus olhos me vejo
Apossado por um estranho desejo
Saído de minhas entranhas
Desabrocha a vontade
Quero gozar a liberdade
Autoamar
Desnuda-me a brisa do tempo que passa
Após cortadas tuas amarras
Surpreendo-me com a leveza
Ausente gravidade da paixão
Grand Jeté
Do alto reparo:
Não era mais amante, nem amado
Tinha me tornado nessa tua busca
Por si e pelo amor próprio desterrado
Um reflexo teu não desejado
Agora, não mais reflexo desgraçado
Nem marionete
Nem bailarino desajustado
Violina-me os dias
Liberto pássaro
Apolo V. Oliveira
Graduando em Letras - Língua Portuguesa
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILAB
Estagnada na multidão.
Os dias vão passando, rápido... rapidamente se vê,
já passou uma semana,
aquele mês que é no final do ano já chegou...
aquele dia que estava tão longe já é agora.
E o que eu fiz?
Posso dizer que é certo que não fiquei parada, imóvel não... Mas sei que,
como um rio e o devir tudo que eu fiz parece involuntário,
quando tento usar a mente e ampliar o questionário.
Fico pensando daqui a dez anos, será que vai ser tão logo?
Já ta ai...
E o que eu fiz?
Corri, cresci... apareci. ...
Ou só passei?
Passei, passando pelos dias arrastando-os como se arrasta os chinelos pra sair do lugar... como viro os olhos pras coisas banais....
Penso. Re(penso)
Faço ou desfaço.
O tempo é rei, me dizem os sábios...
Mas não entendo, como uma coisa tão preciosa quanto ele
me escapa nos vãos dos dedos...
enquanto paro, leio, escrevo, interpreto, respondo, preparo... O tempo voa...
Como disse, tudo que era sonho...
chega em seu tempo de realizar e o que a gente fez?
Pra onde a gente vai?
Resposta não acho, saída não vejo...
enquanto isso o descontentamento me acompanha e me tira o humor...
a máscara de "tudo bem" ta sempre a disposição evitando invasão de quem diz preocupação.
Nessa onda do tempo, que me atropela e me afoga, vou seguindo... passo a passo... como se não conhecesse o lugar onde piso...
como se a descoberta a seguir me fosse um suspense.
Paro, preparo... reflito
Até onde eu sigo? Será que digo que já basta?
Será que me entrego e deixo que a onda me leve pra onde for, da maneira que vier....
Mas quem nasceu pra malandragem quer ser doutor sim!
A malandragem que ensina como gingar nos momentos de dor,
como abaixar pra respirar quando outro turbilhão se aproxima.
Assim é a vida...
intensa, insensata, incoerente...
E eu? Mais ainda...
Quanto mais sei do mundo, menos sei de mim...
Quanto mais o tempo passa, mais perto eu chego do fim...
Bruna Maia*
Discente da Licenciatura em Ciências Sociais da UNILAB/Malês
Os dias vão passando, rápido... rapidamente se vê,
já passou uma semana,
aquele mês que é no final do ano já chegou...
aquele dia que estava tão longe já é agora.
E o que eu fiz?
Posso dizer que é certo que não fiquei parada, imóvel não... Mas sei que,
como um rio e o devir tudo que eu fiz parece involuntário,
quando tento usar a mente e ampliar o questionário.
Fico pensando daqui a dez anos, será que vai ser tão logo?
Já ta ai...
E o que eu fiz?
Corri, cresci... apareci. ...
Ou só passei?
Passei, passando pelos dias arrastando-os como se arrasta os chinelos pra sair do lugar... como viro os olhos pras coisas banais....
Penso. Re(penso)
Faço ou desfaço.
O tempo é rei, me dizem os sábios...
Mas não entendo, como uma coisa tão preciosa quanto ele
me escapa nos vãos dos dedos...
enquanto paro, leio, escrevo, interpreto, respondo, preparo... O tempo voa...
Como disse, tudo que era sonho...
chega em seu tempo de realizar e o que a gente fez?
Pra onde a gente vai?
Resposta não acho, saída não vejo...
enquanto isso o descontentamento me acompanha e me tira o humor...
a máscara de "tudo bem" ta sempre a disposição evitando invasão de quem diz preocupação.
Nessa onda do tempo, que me atropela e me afoga, vou seguindo... passo a passo... como se não conhecesse o lugar onde piso...
como se a descoberta a seguir me fosse um suspense.
Paro, preparo... reflito
Até onde eu sigo? Será que digo que já basta?
Será que me entrego e deixo que a onda me leve pra onde for, da maneira que vier....
Mas quem nasceu pra malandragem quer ser doutor sim!
A malandragem que ensina como gingar nos momentos de dor,
como abaixar pra respirar quando outro turbilhão se aproxima.
Assim é a vida...
intensa, insensata, incoerente...
E eu? Mais ainda...
Quanto mais sei do mundo, menos sei de mim...
Quanto mais o tempo passa, mais perto eu chego do fim...
Bruna Maia*
Discente da Licenciatura em Ciências Sociais da UNILAB/Malês
Tristeza não tem fim. Felicidade sim!
Agonia no peito
Agitação na cabeça
Cansaço no corpo
Pernas ardidas
Acendo um cigarro
Algumas ideias
Poucas ações
Vários planos e idealizações
Pouca disposição
Além de tudo
Conhecimento traz confusão
Que mundo é esse?
Ninguém entende
Quem ousa tentar explicar
Maluco é
Leu meias verdades
Muita vontade
Pouca concentração
Daqui algum tempo, quero estar sim
E o que eu faço pra conseguir?
Qual caminho seguir
Dinheiro é necessidade
Adoece o coração
Agita a mente
Cansa o corpo
Muita vontade
Pouca disposição
A rua deserta
Cheio de cabeças pensantes
Mente perigosa
Auto-sabotagem
No fim um fio de esperança
Ainda há o que se sonhar
Como realizar?
Como subverter?
Qual o caminho?
Quais as chances?
Vontade demais
Pouca disposição
Bruna Maia*
Discente da Licenciatura em Ciências Sociais da UNILAB/Malês
Agonia no peito
Agitação na cabeça
Cansaço no corpo
Pernas ardidas
Acendo um cigarro
Algumas ideias
Poucas ações
Vários planos e idealizações
Pouca disposição
Além de tudo
Conhecimento traz confusão
Que mundo é esse?
Ninguém entende
Quem ousa tentar explicar
Maluco é
Leu meias verdades
Muita vontade
Pouca concentração
Daqui algum tempo, quero estar sim
E o que eu faço pra conseguir?
Qual caminho seguir
Dinheiro é necessidade
Adoece o coração
Agita a mente
Cansa o corpo
Muita vontade
Pouca disposição
A rua deserta
Cheio de cabeças pensantes
Mente perigosa
Auto-sabotagem
No fim um fio de esperança
Ainda há o que se sonhar
Como realizar?
Como subverter?
Qual o caminho?
Quais as chances?
Vontade demais
Pouca disposição
Bruna Maia*
Discente da Licenciatura em Ciências Sociais da UNILAB/Malês
Poemas
Nome: Noemia Armando Monteiro
Ser incrível
Seus passos lentos
Seu jeito calmo
Seu andar manso
Seu olhar profundo, penetra o fundo da minha alma
Seu sorriso encantador alegra meus dias tristes
Seu modo de beijar, de abraçar, me deixa derretida!
Seu bom comportamento da lição a minha malcriação.
Seu incrível ser me domina
E transforma meu mundo em um paraíso perfeito.
Nome: Noemia Armando Monteiro
Ser incrível
Seus passos lentos
Seu jeito calmo
Seu andar manso
Seu olhar profundo, penetra o fundo da minha alma
Seu sorriso encantador alegra meus dias tristes
Seu modo de beijar, de abraçar, me deixa derretida!
Seu bom comportamento da lição a minha malcriação.
Seu incrível ser me domina
E transforma meu mundo em um paraíso perfeito.
Mindjer Guineense
Bu kunci dja mindjer batalhadur?
Kil mindjer forte, corajosa, que ta infrenta qualquer obstáculo.
Kil ku ta pega tristeza i transforma na alegria.
Kuta tudji dur furanta cara.
Kil que tudu sofrimento, dificuldade kita passa, mas ita orgulha..!
Mindjer incansável, determinada, persistente. És i mindjer guineense.
Kil ku ka kunci disisti, temente ika thiga objetivo.
Ika kunci fracasso, pabia sempre ita encontra forças na si próprio sofrimento.
Esperanças na si coração humilde
Vida ku luta, na si alma doce
Mindjer ku olhar forte, ku tene mangas de explicaçon.
Mindjer decisiva e determinada pa muda destino contrário ku si pedaço de terra pega.
Bu kunci dja mindjer batalhadur?
Kil mindjer forte, corajosa, que ta infrenta qualquer obstáculo.
Kil ku ta pega tristeza i transforma na alegria.
Kuta tudji dur furanta cara.
Kil que tudu sofrimento, dificuldade kita passa, mas ita orgulha..!
Mindjer incansável, determinada, persistente. És i mindjer guineense.
Kil ku ka kunci disisti, temente ika thiga objetivo.
Ika kunci fracasso, pabia sempre ita encontra forças na si próprio sofrimento.
Esperanças na si coração humilde
Vida ku luta, na si alma doce
Mindjer ku olhar forte, ku tene mangas de explicaçon.
Mindjer decisiva e determinada pa muda destino contrário ku si pedaço de terra pega.
Eu queria ser uma rosa
Emocionei-me
Tomei posse de minha conduta
Da origem
Da angústia
Homem de cor, não me cabia
Calei-me
No âmago senti, bem aqui
Mais um dia por vir
Ainda estou acordado
Como tem que ser com o café
Preto, forte, amargo.
Quieto em minha quentura
Esfriando com o tempo
Afogando-me em enunciações abandonadas
Em mim confinadas
Ao mar do silêncio azul
Não há o que se ouvir
É nada meu espinho
Calei-me
Fizeram-me entender
Ainda não encontraram minha alma
A combustão de existir na pele
A ferro marca
Queima devagar
É o inferno, soube
Todo dia um julgamento diferente
Todo dia a mesma pena
Condenado à perpétua
"Negro homem"! Me acusaram
Sem que eu pudesse chorar.
Apolo V. Oliveira
Emocionei-me
Tomei posse de minha conduta
Da origem
Da angústia
Homem de cor, não me cabia
Calei-me
No âmago senti, bem aqui
Mais um dia por vir
Ainda estou acordado
Como tem que ser com o café
Preto, forte, amargo.
Quieto em minha quentura
Esfriando com o tempo
Afogando-me em enunciações abandonadas
Em mim confinadas
Ao mar do silêncio azul
Não há o que se ouvir
É nada meu espinho
Calei-me
Fizeram-me entender
Ainda não encontraram minha alma
A combustão de existir na pele
A ferro marca
Queima devagar
É o inferno, soube
Todo dia um julgamento diferente
Todo dia a mesma pena
Condenado à perpétua
"Negro homem"! Me acusaram
Sem que eu pudesse chorar.
Apolo V. Oliveira
Explosão
Seu corpo no meu
é o calor do big bang
@Jóbiispo
Seu corpo no meu
é o calor do big bang
@Jóbiispo
Encontro
Eu sou rio menina
encontrando seu mar
sou teu rei, minha rainha
e nada importará
@Jóbiispo
Eu sou rio menina
encontrando seu mar
sou teu rei, minha rainha
e nada importará
@Jóbiispo
Pensar
(para Alberto Caeiro)
Pensar é quase estado dormente:
momento de paz em estado latente.
Pensar é quase ter paz:
é sentir o dentro e o fora,
como fumar lá fora só
ouvindo do vizinho a gaiola do curió.
Pensar é estar demente da vida:
é quase sem sucesso achar uma saída.
Pensar é pousar o silêncio na mente:
relembrar o dia cadente
encostar a mão na cabeça
e esperar que a questão desapareça.
Pensar é porquear o mundo:
como questão de criança
como gesto de esperança
como submergir de poço fundo.
Pensar é estar doente:
sabendo que todo o mundo mente
vendo só, escuramente,
a vida passar calmamente.
Josy Malta
(para Alberto Caeiro)
Pensar é quase estado dormente:
momento de paz em estado latente.
Pensar é quase ter paz:
é sentir o dentro e o fora,
como fumar lá fora só
ouvindo do vizinho a gaiola do curió.
Pensar é estar demente da vida:
é quase sem sucesso achar uma saída.
Pensar é pousar o silêncio na mente:
relembrar o dia cadente
encostar a mão na cabeça
e esperar que a questão desapareça.
Pensar é porquear o mundo:
como questão de criança
como gesto de esperança
como submergir de poço fundo.
Pensar é estar doente:
sabendo que todo o mundo mente
vendo só, escuramente,
a vida passar calmamente.
Josy Malta
HISTÓRIA DE ÍNDIO BRASILEIRO
Escutem bem meus amigos, prestem muita atenção.
Para tudo que vou falar, não é brincadeira não!
Eu vi tudo com estes olhos que a terra há de comer,
Esta é a história do Brasil que muito tempo surgiu
Vou falar para vocês!
Há 500 anos atrás, o Brasil não tinha nome
Era habitado pelos índios que saciavam a fome
Com os bens da natureza que a terra lhes concedia
Matavam a cede nos riachos, pescavam e caçam noite e dia
Agradeciam aos espíritos que os protegiam
E enchiam suas tocas de bênçãos e de alegria.
Mulheres cuidavam das tocas, os homens da alimentação
Crianças pegavam picula, cantarola confusão
Organizar a aldeia era cargo do Pajé
Contemplado por todos da cabeça até o pé
Era o mais sábio de todos, era o mais velho, o Pajé
Mas tudo isso foi mudado quando um povo aqui chegou
Tão branquinho e bem vestido que aos índios assombrou
Falava uma língua estranha – Terra a vista! – ele gritou
Terra a vista! – ele gritou – e os índios sem saber
O que era terra a vista? O que ele quer dizer?
Deve ser algum espírito vagando por aí
Atrás de almas boas, atrás de todos aqui
Todos se escondem no mato como besouro no capim.
Esses tais de portugueses invadiram a nossa terra
Destruíram a natureza atrás de preciosas pedras
Cortaram várias árvores chamadas de pau-brasil
Escravizaram os índios, esbaldaram-se em nossos rios
Abusaram das índias e destruíram tudo em seu caminho.
Essa história é verdadeira, senti em minha pele
Fui um indo escravizado, mas fui forte como uma fera
E fugi para bem longe atrás de novas terras.
E nessa estrada da vida aprendi a escrever
Faço texto, faço música e faço tudo acontecer
Na minha arte de escrever foi que pude demonstrar
O que era minha vida, o que era meu habitat.
E término aqui dizendo para o povo brasileiro
Dê carinho a mãe terra, tenha cuidado e respeito
Mostre o que é ser um bom brasileiro.
Natali Chaves Mota
Escutem bem meus amigos, prestem muita atenção.
Para tudo que vou falar, não é brincadeira não!
Eu vi tudo com estes olhos que a terra há de comer,
Esta é a história do Brasil que muito tempo surgiu
Vou falar para vocês!
Há 500 anos atrás, o Brasil não tinha nome
Era habitado pelos índios que saciavam a fome
Com os bens da natureza que a terra lhes concedia
Matavam a cede nos riachos, pescavam e caçam noite e dia
Agradeciam aos espíritos que os protegiam
E enchiam suas tocas de bênçãos e de alegria.
Mulheres cuidavam das tocas, os homens da alimentação
Crianças pegavam picula, cantarola confusão
Organizar a aldeia era cargo do Pajé
Contemplado por todos da cabeça até o pé
Era o mais sábio de todos, era o mais velho, o Pajé
Mas tudo isso foi mudado quando um povo aqui chegou
Tão branquinho e bem vestido que aos índios assombrou
Falava uma língua estranha – Terra a vista! – ele gritou
Terra a vista! – ele gritou – e os índios sem saber
O que era terra a vista? O que ele quer dizer?
Deve ser algum espírito vagando por aí
Atrás de almas boas, atrás de todos aqui
Todos se escondem no mato como besouro no capim.
Esses tais de portugueses invadiram a nossa terra
Destruíram a natureza atrás de preciosas pedras
Cortaram várias árvores chamadas de pau-brasil
Escravizaram os índios, esbaldaram-se em nossos rios
Abusaram das índias e destruíram tudo em seu caminho.
Essa história é verdadeira, senti em minha pele
Fui um indo escravizado, mas fui forte como uma fera
E fugi para bem longe atrás de novas terras.
E nessa estrada da vida aprendi a escrever
Faço texto, faço música e faço tudo acontecer
Na minha arte de escrever foi que pude demonstrar
O que era minha vida, o que era meu habitat.
E término aqui dizendo para o povo brasileiro
Dê carinho a mãe terra, tenha cuidado e respeito
Mostre o que é ser um bom brasileiro.
Natali Chaves Mota
CANDEIAS
Esta é a terra de Candeias.
Onde as veias percorridas por petróleo se esvaziam
Onde o coração valente do pião sorridente busca alto, assim anseia.
Minha Candeias!
Quem lhe dera entre as flores como um turbilhão de cores
Esbanjasse igualdade a esse povo de verdade
Que enfrenta suas misérias
Sabendo que da sua janela o Ouro Preto se revela.
Esta terra estar em prantos, já não é lá os encantos que diziam nossos pais
Ela clama compaixão, é contra a escravidão, anos de exploração.
Estes tanques de riquezas contemplaram realezas,
Jogaram fora a beleza de se ter natureza.
Sou pião, reconheço que para mim é um desrespeito
Participar desse deleito: dolorosa exploração.
Natali Chaves Mota
Esta é a terra de Candeias.
Onde as veias percorridas por petróleo se esvaziam
Onde o coração valente do pião sorridente busca alto, assim anseia.
Minha Candeias!
Quem lhe dera entre as flores como um turbilhão de cores
Esbanjasse igualdade a esse povo de verdade
Que enfrenta suas misérias
Sabendo que da sua janela o Ouro Preto se revela.
Esta terra estar em prantos, já não é lá os encantos que diziam nossos pais
Ela clama compaixão, é contra a escravidão, anos de exploração.
Estes tanques de riquezas contemplaram realezas,
Jogaram fora a beleza de se ter natureza.
Sou pião, reconheço que para mim é um desrespeito
Participar desse deleito: dolorosa exploração.
Natali Chaves Mota
Uma covardia trágica
O pesadelo da suave ignorância
Se rasteja pela imundície além dos pântanos
Arriscando sua vida como escravo doméstico
Para salvaguarda a delicada miséria.
De todos os escrúpulos o vício da submissão
O domina como a febre ao corpo faminto
E o torna criatura patética curvada
Dobrada diante do verdugo de sempre.
O desvio da palavra desenhando esqueletos
Putrefações ramificadas nas artérias da sociedade
Criando os monstros que em um único lance o abocanhará
Dr. Pedro Acosta-Leyva
Professor de História
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)
Campus dos Malês
Av.Juvenal Eugênio Queiroz, s/n-Centro
CEP: 43900-000
São Francisco do Conde-Bahia-Brasil
Tel: + 55(71)3651.8250
O pesadelo da suave ignorância
Se rasteja pela imundície além dos pântanos
Arriscando sua vida como escravo doméstico
Para salvaguarda a delicada miséria.
De todos os escrúpulos o vício da submissão
O domina como a febre ao corpo faminto
E o torna criatura patética curvada
Dobrada diante do verdugo de sempre.
O desvio da palavra desenhando esqueletos
Putrefações ramificadas nas artérias da sociedade
Criando os monstros que em um único lance o abocanhará
Dr. Pedro Acosta-Leyva
Professor de História
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)
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Caio Teixeira
POEMA 1 – A NOSSA OBRA FARAONICA É A NOSSA NEGRITUDE
Eu vejo milhões de galáxias no seu black.
Eu vejo a beleza anoitecer no seu cabelo crespo
e me deito no seu peito e arde
como todos os dizeres que são estrelas que silenciei
e brilhou no seu peito mais uma vez.
Eu não sei me sentir preso
acho que é uma agonia que carrego dos meus ancestrais.
Essas amarras da democracia branca
me faz declamar poesia na língua do colonizador,
e eu não sei me expressar amor.
Talvez eu esteja desrespeitando alguma lei de Platão
não sei até que ponto nossas projeções são platônicas,
talvez eu esteja desrespeitando os dogmas cristão.
Talvez eu seja mais africano e tupiniquim
e por isso o amor só se revela com permissão deles á mim.
Dentes negros e cabelos azuis
feito teus desenhos que diz que a negritude brilha mais que o sol.
E eu olho pra melanina da minha pele
e sinto todos os toques dos meus antepassados
me dizendo que nossa negritude é nossa obra faraônica.
O amor preto cura. Busque sua cura.
POEMA 2 – OBAOBA DO MEU CORAÇÃO
O vento não ventila meus pulmões
e nem a poesia pomar baobá do meu coração.
Nos (quilombos)palmares de concreto e aço,
todo dia, zumbi morre de bala perdida.
Me doí,
como todas as dores que sinto
quando alguém desliga da raiz á vida.
Doí, porque podia ser eu.
Doí porque um dia vai ser eu,
e não vai doer mais.
Cânticos pra despistar a solidão,
solitude.
Cânticos negros na roda de jongo,
benzem, libertam, dizem.
Cânticos de nascimento e de despedida.
Como se o vento estivesse falando.
Dizendo no silencio poemático que não houve esquecimento.
Não houve esquecimento.
POEMA 3 – MÃES
Dentro do navio negreiro
eu pensei em corta minha garganta, ou, pular no mar.
Yemanjá-mãe sussurrou no meu ouvido palavras de conforto,
e as correntes já não ardiam a alma.
Um dia na plantação de cana-de-açucar,
eu pensei em apunhalar meu coração com o facão,
Maria-mãe-Católica sussurrou no meu ouvido "NTU"
coisas que só fazia sentido na minha língua
e eu me acolhi dentro do meu auto-amor.
Um dia lendo "Amada" senti Toni Morrison me abraçando
como se fosse uma mãe amparando todas minhas dores,
amor de mãe.
As mães sempre sopraram a morte dos meus pensamentos,
e toda vez que eu morri dentro de mim,
eu nasci mais forte,
por ser fruto dessas Mulheres-fortes.
POEMA EXTRA - CAROLINA ORIKI
Estava lendo quarto de despejo
quando comecei a chorar com
as vozes anoitecidas dentro de mim.
Meus interiores geram flores externas que morrem nos meus olhos
e tudo que vejo é o deslumbramento da minha cor
e da cor da minha avô que dizia em mim, assim
" A arte e a prática de amar começam com nossa capacidade de nos conhecer e afirmar"
diante deste ódio gerado por tantas vozes silenciadas
me olho no espelho e penso
se esse tal ódio de fato mata(?)
quando muito de mim é reduzido
a uma coisa que eu não sou
uma coisa dentro de mim me dá um tiro
e eu me embran(es)queço um pouco.
Gueto pinchado de poemas preto
Enredo, funk, sangue de povo preto
cada manifestação cultural é um dizer
inconsciente que a áfrica tem uma história-viva
Estou na retaguarda discutindo com Ki-Zerbo e os vanguardas
temos que nos ar(a)mar
com nossa negritude.
POEMA 1 – A NOSSA OBRA FARAONICA É A NOSSA NEGRITUDE
Eu vejo milhões de galáxias no seu black.
Eu vejo a beleza anoitecer no seu cabelo crespo
e me deito no seu peito e arde
como todos os dizeres que são estrelas que silenciei
e brilhou no seu peito mais uma vez.
Eu não sei me sentir preso
acho que é uma agonia que carrego dos meus ancestrais.
Essas amarras da democracia branca
me faz declamar poesia na língua do colonizador,
e eu não sei me expressar amor.
Talvez eu esteja desrespeitando alguma lei de Platão
não sei até que ponto nossas projeções são platônicas,
talvez eu esteja desrespeitando os dogmas cristão.
Talvez eu seja mais africano e tupiniquim
e por isso o amor só se revela com permissão deles á mim.
Dentes negros e cabelos azuis
feito teus desenhos que diz que a negritude brilha mais que o sol.
E eu olho pra melanina da minha pele
e sinto todos os toques dos meus antepassados
me dizendo que nossa negritude é nossa obra faraônica.
O amor preto cura. Busque sua cura.
POEMA 2 – OBAOBA DO MEU CORAÇÃO
O vento não ventila meus pulmões
e nem a poesia pomar baobá do meu coração.
Nos (quilombos)palmares de concreto e aço,
todo dia, zumbi morre de bala perdida.
Me doí,
como todas as dores que sinto
quando alguém desliga da raiz á vida.
Doí, porque podia ser eu.
Doí porque um dia vai ser eu,
e não vai doer mais.
Cânticos pra despistar a solidão,
solitude.
Cânticos negros na roda de jongo,
benzem, libertam, dizem.
Cânticos de nascimento e de despedida.
Como se o vento estivesse falando.
Dizendo no silencio poemático que não houve esquecimento.
Não houve esquecimento.
POEMA 3 – MÃES
Dentro do navio negreiro
eu pensei em corta minha garganta, ou, pular no mar.
Yemanjá-mãe sussurrou no meu ouvido palavras de conforto,
e as correntes já não ardiam a alma.
Um dia na plantação de cana-de-açucar,
eu pensei em apunhalar meu coração com o facão,
Maria-mãe-Católica sussurrou no meu ouvido "NTU"
coisas que só fazia sentido na minha língua
e eu me acolhi dentro do meu auto-amor.
Um dia lendo "Amada" senti Toni Morrison me abraçando
como se fosse uma mãe amparando todas minhas dores,
amor de mãe.
As mães sempre sopraram a morte dos meus pensamentos,
e toda vez que eu morri dentro de mim,
eu nasci mais forte,
por ser fruto dessas Mulheres-fortes.
POEMA EXTRA - CAROLINA ORIKI
Estava lendo quarto de despejo
quando comecei a chorar com
as vozes anoitecidas dentro de mim.
Meus interiores geram flores externas que morrem nos meus olhos
e tudo que vejo é o deslumbramento da minha cor
e da cor da minha avô que dizia em mim, assim
" A arte e a prática de amar começam com nossa capacidade de nos conhecer e afirmar"
diante deste ódio gerado por tantas vozes silenciadas
me olho no espelho e penso
se esse tal ódio de fato mata(?)
quando muito de mim é reduzido
a uma coisa que eu não sou
uma coisa dentro de mim me dá um tiro
e eu me embran(es)queço um pouco.
Gueto pinchado de poemas preto
Enredo, funk, sangue de povo preto
cada manifestação cultural é um dizer
inconsciente que a áfrica tem uma história-viva
Estou na retaguarda discutindo com Ki-Zerbo e os vanguardas
temos que nos ar(a)mar
com nossa negritude.
Euclides Victorino Silva Afonso
TERRA MORTA
Terra violada por muitos que vieram de longe
Que não pertenciam da gente
vindo do ocidente, trazendo as suas vestes
achando que a nossa não era veste
Que não tinha valor,
Achando que não éramos pessoas como eles
Matando a nossa mente, a nossa gente
Deixando-nos mortos
Não tínhamos valores,
Não servíamos para nada neles
Servíamos para servir
servir nos seus pés
Ninguém era feliz
Ninguém podia rir
Aceitar o que nos trazem,
Matando gente, gente boa sem maldade
acabando matando os nossos filhos
Junto com os nossos avós,
Mantando a nossa terra, deixando vazia e ficando uma terra morta
LUAMDA
Luanda nossa terra, nossa mãe
Cidade que nos viu a crescer
Cidade antiga, cidade mãe para toda gente
Cidade que acolhe todas cidades de Angola
Cidade de todos municípios, cidade onde nasceu o meu tio
Aquela cidade mãe acolhedora, mesmo com um histórico de lutas armadas
das guerras de kifangondo, das lutas das independências, ela continuou viva em vida
Com uma bela vista, mesmo ainda a bela vista sem vista
Luanda terra das crianças, terras dos jovens
Luanda terras das cotas
Terra dos bairros
Bairros dos musseques
Do Sambizanga ao bairro Operário
Da zungueira e da quitandeira
Luanda nossa cidade, nossa terra
Minha terra, vossa terra também
Porque a história nos une
Somos um povo, somos uma nação
Somos um país
De Luanda ao Ícole Bengo
Uma dimensão territorial de 18.826 km²
Repleta de alegria e energia que contagia a qualquer um
Luanda nossa metrópole, nosso reino é a nossa vida.
TERRA MORTA
Terra violada por muitos que vieram de longe
Que não pertenciam da gente
vindo do ocidente, trazendo as suas vestes
achando que a nossa não era veste
Que não tinha valor,
Achando que não éramos pessoas como eles
Matando a nossa mente, a nossa gente
Deixando-nos mortos
Não tínhamos valores,
Não servíamos para nada neles
Servíamos para servir
servir nos seus pés
Ninguém era feliz
Ninguém podia rir
Aceitar o que nos trazem,
Matando gente, gente boa sem maldade
acabando matando os nossos filhos
Junto com os nossos avós,
Mantando a nossa terra, deixando vazia e ficando uma terra morta
LUAMDA
Luanda nossa terra, nossa mãe
Cidade que nos viu a crescer
Cidade antiga, cidade mãe para toda gente
Cidade que acolhe todas cidades de Angola
Cidade de todos municípios, cidade onde nasceu o meu tio
Aquela cidade mãe acolhedora, mesmo com um histórico de lutas armadas
das guerras de kifangondo, das lutas das independências, ela continuou viva em vida
Com uma bela vista, mesmo ainda a bela vista sem vista
Luanda terra das crianças, terras dos jovens
Luanda terras das cotas
Terra dos bairros
Bairros dos musseques
Do Sambizanga ao bairro Operário
Da zungueira e da quitandeira
Luanda nossa cidade, nossa terra
Minha terra, vossa terra também
Porque a história nos une
Somos um povo, somos uma nação
Somos um país
De Luanda ao Ícole Bengo
Uma dimensão territorial de 18.826 km²
Repleta de alegria e energia que contagia a qualquer um
Luanda nossa metrópole, nosso reino é a nossa vida.